Notícia de Jaboticabal
CONHEÇA UM POUCO DA HISTORIA DAS FERROVIAS EM JABOTICABAL
Postado em 16/07/2021

CONHEÇA UM POUCO DA HISTORIA DAS FERROVIAS EM JABOTICABAL

CONHEÇA UM POUCO DA HISTORIA DAS FERROVIAS EM JABOTICABAL
 
Pertencia a Cia. Paulista de Estradas de Ferro (1893-1969), e ficava em nosso município
no km 63,659 (1959), com Altitude: 575,258 m, Inauguração: foi inaugurada em
01.02.1893. Data de construção do prédio atual: 1915
HISTORICO DA LINHA: Projetado pela Rio Claro Railway, o primeiro trecho da
linha foi aberto pela Cia. Paulista, em 06/06/1892, de Rincão a Guariba, como um
prolongamento da linha de bitola métrica da Paulista adquirida à RCR, e que partia de
Rio Claro. Em 1893, ele chegava a Jaboticabal, e em 1902 atingiu Bebedouro.
A
ampliação do tronco da Paulista para a bitola larga, entre Rio Claro e Rincão, feito
entre 1916 e 1922, acabou por seguir pela margem direita do rio Mogi-Guaçu e não
pela linha de Jaboticabal, fazendo um arco que alcançaria Bebedouro em 1929. O trecho
entre Rincão e Bebedouro, que passava por Jaboticabal, passou a ser chamado de Ramal
de Jaboticabal e permaneceu com a bitola métrica até sua extinção, em 23/12/1966,
entre Jaboticabal e Bebedouro, e em 02/01/1969, do trecho restante. Os trilhos começaram
a ser arrancados no dia seguinte.
A ESTAÇÃO: A estação de Jaboticabal foi inaugurada em 1893, como ponta de linha
do tronco de bitola métrica da Secção Rio Claro. Segundo outras fontes, o primeiro
trem, entretanto, teria chegado à cidade, com festas, apenas em 5 de maio do mesmo
ano, três meses depois da inauguração citada pela Paulista.
 
A partir de 1916, daqui
passou a sair a E. F. Jaboticabal, mais tarde adquirido pela Paulista, como ramal de
Luzitânia, pequeno ramal de pouco mais de 25 km que seguia para a zona rural do
município. Em outubro de 1922, é iniciada a construção da rotunda de Jaboticabal,
para bitola métrica, prevendo a ampliação para a bitola larga, e em 02/10/1924, a
Paulista inaugura o carro Pullmann para a bitola estreita do trecho Rincão-Barretos.
É nessa epóca que começa a circular a notícia da intenção da CP de modificar o traçado
do prolongamento do tronco de bitola larga, que então já havia chegado até Rincão,
para o outro lado do rio Mogi-Guaçu, utilizando parte do ramal de Pontal e seguindo, a
partir da estação dePassagem, pelo leito da Companhia Ferroviária São Paulo-Goiaz
atéBebedouro, empresa esta que estava sendo comprada pela Paulista. A Cia. alega que
o traçado é mais viável, mesmo tendo que se cruzar duas vezes o Mogi, porque se
aproveita o terreno plano do seu vale.
A cidade de Jaboticabal protesta contra essa possibilidade, afirmando que seriam seguidos
apenas os interesses particulares do Conselheiro Antonio Prado, presidente da Companhia,
que tinha as fazendasGuatapará eSão Martinho, além de querer aumentar a movimentação
de Barrinha. A Paulista continuava a afirmar que a serra de Jaboticabal dificultava o
traçado da linha. Em 1927, sai a decisão final de se utilizar o trecho comprado da São
Paulo-Goiaz para a ampliação da bitola, na região de Barrinha ePassagem. Entre 1928
e 1930, o antigo tronco de bitola métrica, reduzido ao trecho entre Rincão e Bebedouro,
do lado oeste do rio Mogi, passa a se chamar ramal de Jaboticabal.
A cidade passa a travar uma guerra com a Paulista, em que quem perde é a primeira.
Bebedouro recebe a linha de bitola larga vinda de Pitangueiras com faixas: "Viva
Bebedouro, Morra Jaboticabal!". De fato, esta última passa por um período de decadência
devido a depender de um ramal de bitola menor e conseqüentemente trens mais lentos.
Dois anos depois, a cidade faz uma grande campanha para boicotar o transporte de suas
cargas pela Paulista, tentando levá-las paraRibeirão e embarcá-las pela Mogiana. Mas
as coisas somente pioram. Em 1933, a Paulista retira o carro Pullmann do ramal de
Jaboticabal. Em 1951, a Cia. manda vagões antigos e ultrapassados para o ramal de
Jaboticabal; comenta-se na cidade que eles estariam em piores condições que os da São
Paulo-Goiaz, quando foi adquirido o trechoPassagem-Bebedouro, em 1924.
Em 1955, há um protesto na Câmara contra o abandono do ramal. Dois anos depois,
entretanto, a Paulista começa a implantação de locomotivas diesel no ramal. Em meados
de 1961, a Paulista é estatizada por Carvalho Pinto, e a situação piora. Em setembro de
1966, o ramal de Luzitânia é desativado. Em 21/11/66, o Governo do Estado manda
suprimir o ramal de Jaboticabal, e a população de Jaboticabal indignada marca um
comício para o dia 30. A alegação de que os ramais são deficitários não convence a
opinião pública, que argumenta que isso é uma conseqüência da manutenção na linha de
carros com mais de 40 anos de vida, entre outros fatores. Em 10/12/1966, o prefeito é
informado pela Paulista que o trecho Rincão-Jaboticabal será mantido, enquanto no
trecho restante será iniciada a retirada dos trilhos até Bebedouro. Em 22/12/1966, o
tráfego no trecho Jaboticabal-Bebedouro é suspenso definitivamente, enquanto o prefeito,
o Presidente da Câmara e deputados tentam marcar reuniões com o Governador e o
presidente da Cia. Paulista. Por sua vez, os horários do trecho que sobrou são alterados.
Em 14/12/1968, o Governador Laudo Natel publica no Diário Oficial a supressão
do trecho Rincão a Jaboticabal. Em 02/01/1969, o chamado "Dia da Tristeza" ou "Dia
da Despedida": o último trem da Paulista sai às 19h28m de Jaboticabal para Rincão,
repleto de moradores, ferroviários e suas famílias, além de um fotógrafo de "O Estado
de S. Paulo", num espetáculo constrangedor e emocionante ao mesmo tempo. Os trilhos
começaram a ser retirados na mesma noite, assim que o trem chegou a Rincão. A
estação foi usada por muito tempo como sede da Justiça do Trabalho e o prédio foi,
com isso, descaracterizado. Em 2009, estava sendo restaurado para a instalação de um
museu.
(Fontes: Ralph M. Giesbrecht, pesquisa local; Antonio Carlos Britto; Clovis R. Capalbo;
Jose Mario de Oliveira; Rodrigo Cabredo; Antonio Carlos Mussio; Filemon Peres;
Cia. Paulista: relatórios anuais, 1892-1969; Mapa - Acervo R. M. Giesbrecht

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