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País deve registrar 625 mil novos casos de câncer até 2022
Postado em 11/08/2020

País deve registrar 625 mil novos casos de câncer até 2022

País deve registrar 625 mil novos casos de câncer até 2022
O oncologista Ramon Andrade de Mello relaciona alta com adiamento do tratamento durante a pandemia
A pandemia do novo coronavírus alterou a rotina das pessoas e uma parcela significativa dos pacientes deixou de procurar um especialista para diagnósticos e outros adiaram o tratamento. Em Portugal, um estudo recente do Sistema Nacional de Vigilância de Mortalidade do país indica que morreram em julho 10.390 pessoas, é o número mais alto num mês nos últimos 12 anos. A pesquisa revela que, comparado com julho de 2019, trata-se de um aumento de 26%, sendo que apenas 159, ou 1,5%, estão relacionados com a Covid-19.

"Ainda não temos muitos dados oficiais no Brasil, mas alguns indicadores já mostram que teremos um aumento significativo de mortes de pacientes oncológicos não-Covid", explica Ramon Andrade de Mello, médico oncologista, professor da disciplina de oncologia clínica da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), da Uninove e da Escola de Medicina da Universidade do Algarve (Portugal).

"Inicialmente, tivemos um pânico coletivo que fez as pessoas adiarem seus tratamentos crônicos, que vão ter repercussões em todo o sistema de saúde", analisa o professor da Unifesp. No Brasil, um levantamento realizado pelas Sociedades Brasileiras de Patologia e de Cirurgia Oncológica mostra que, desde o início do isolamento social, aproximadamente 50 mil brasileiros deixaram de ser diagnosticado com câncer e cerca de 70% das cirurgias desse grupo de pacientes foram adiadas apenas no mês de abril.

"O tratamento contra o câncer deve ser encarado como emergência médica, o adiamento do diagnóstico e do tratamento reduzem significativamente as chances de resultados positivos no futuro", ressalta Ramon Andrade de Mello. Um outro levantamento, realizado pelo Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), mostrou queda de 30% no número de pacientes novos que procuram a instituição.

O oncologista pontua que a quanto mais cedo o início do tratamento, melhores as chances: "Para algumas faixas etárias, principalmente entre os pacientes acima de 65 anos de idade, os riscos de morte por câncer podem ser maiores do que pela Covid-19".

Sobre Ramon Andrade de Mello
Oncologista clínico e professor adjunto de Cancerologia Clínica da Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Ramon Andrade de Mello tem pós-doutorado em Pesquisa Clínica no Câncer de Pulmão no Royal Marsden NHS Foundation Trust (Inglaterra) e doutorado (PhD) em Oncologia Molecular pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (Portugal).
O médico tem título de especialista em Oncologia Clínica, Ministério da Saúde de Portugal e Sociedade Europeia de Oncologia Médica (ESMO). Além disso, Ramon tem título de Fellow of the American College of Physician (EUA) e é membro do Comitê Educacional de Tumores Gastrointestinal (ESMO GI Faculty) da Sociedade Europeia de Oncologia Médica (European Society for Medical Oncology - ESMO), Membro do Conselho Consultivo (Advisory Board Member) da Escola Europeia de Oncologia (European School of Oncology - ESO) e ex-membro do Comitê Educacional de Tumores do Gastrointestinal Alto (mandato 2016-2019) da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (American Society of Clinical Oncology - ASCO).
O oncologista é do corpo clínico do Hospital Israelita Albert Einstein e Hospital 9 de Julho, em São Paulo, SP, e do Centro de Diagnóstico da Unimed (CDU), em Bauru (SP).
 
 

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